Do Dicionário de Citações

Dupla delícia.
O livro traz a vantagem de a gente poder estar só e ao mesmo tempo acompanhado.
Mário Quintana

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

II Seminário Internacional: A Arte da Bibliografia - 03 e 04/12

II SEMINÁRIO INTERNACIONAL:
 “A ARTE DA BIBLIOGRAFIA:
HISTÓRIA, NATUREZA E RELAÇÕES (INTER)DISCIPLINARES”

Programação 


Quinta-feira – 03/12/15 

9h – RECEPÇÃO E ASSINATURA DA LISTA DE PRESENÇA

9h30 - MESA DE ABERTURA
Coordenador da mesa: Andre Vieira de Freitas Araujo (Coordenador Executivo do Evento/UFRJ/PPGCI-ECA-USP)


Representante 1: Marcelo dos Santos (PPGCI-ECA-USP)

Representante 2: Margarida Maria de Souza (Biblioteca FEA-USP)

Representante 3: Margarida Maria Krohling Kunsch (ECA-USP)

Representante 4: Maria Fazanelli Crestana (SIBI-USP)

Representante 5: Marilda Lopes Ginez de Lara (Presidente do Evento/PPGCI-ECA-USP)

10h10 - CONFERÊNCIA INAUGURAL – VÍDEO CONFERÊNCIA GRAVADA - “Abacus bibliographicus : la natura della Bibliografia” - Alfredo Serrai (Università degli Studi di Roma)
Tradução e legendas: Giulia Crippa (FFCLRP-USP)


11h10 – COMENTÁRIOS À PALESTRA E DEBATE
Andre Vieira de Freitas Araujo (UFRJ/PPGCI-ECA-USP)

11h30 - ALMOÇO

13h30 - MESA REDONDA 1 – Catálogos editoriais, lugares literários e visualidade
Coordenação: Marilda Lopes Ginez de Lara (PPGCI-ECA-USP)


Palestra 1: “O livro como uma força na história: a bibliografia como fonte de informação e método de pesquisa” - Wesley Augusto Nogueira (PPGCI-ECA-USP)

Palestra 2: “O catálogo editorial e a bibliografia como fontes de pesquisa: avanços e desafios na era digital” - Willian Eduardo Righini de Souza (PPGCI-ECA-USP)

Palestra 3: “O lugar literário e suas visualidades" - Patrícia Osses (ECA-USP)”

Palestra 4: “A sorte deste mundo: percursos de Marília de Dirceu no século XIX” - Joaci Pereira Furtado (IACS-UFF)"

15h10 – DEBATE

15h30 – INTERVALO

15h50 - PALESTRA – “D. F. McKenzie no Brasil? Notas para a sua recepção crítica” - Nelson Schapochnik (FE-USP)
Mediação: Lucia Maciel Barbosa de Oliveira (PPGCI-ECA-USP)

16h40 – DEBATE

17h – ENCERRAMENTO 


Sexta-feira – 04/12/15


9h - PALESTRA – “O livro depois do livro depois do e-livro: da cultura da página à cultura dos dados” - Giselle Beiguelman (FAU-USP)
Mediação: Gabriela Previdello (PPGCI-ECA-USP)

9h50 - DEBATE

10h10 - MESA REDONDA 2 - História da Bibliografia e Modernidade
Coordenação: Nair Yumiko Kobashi (PPGCI-ECA-USP)


Palestra 1: “Confusa e irritante multidão de livros: relações entre o contexto histórico-informacional da Europa Moderna e a estrutura documentária de Bibliotheca Universalis, de Conrad Gesner” - Andre Vieira de Freitas Araujo (UFRJ/PPGCI-ECA-USP)

Palestra 2: “Modernidade: uma impressão” - Gustavo Saldanha (IBICT/UNIRIO)

Palestra 3: "A expansão do domínio da bibliografia entre arte, técnica e tecnologia" - Giulia Crippa (FFCLRP-USP)

Palestra 4: “Listar, Classificar, Catalogar. Uma análise do repertório bibliográfico da Faculdade de Direito de São Paulo e seus pontos de contato com a cultura letrada da cidade (1825-1887)” - Marisa Midore Deaecto (ECA-USP/PPGHE/FFLCG-USP)

11h50 – DEBATE

12h10 - ALMOÇO

13h40 - MESA REDONDA 3 – Bibliografia, Documentação e Organização do Conhecimento
Coordenação: Johanna Smit (PPGCI-ECA-USP)


Palestra 1: "O Movimento Bibliográfico: organização do conhecimento no contexto da modernidade" - Luciana Corts Mendes (PPGCI-ECA-USP)

Palestra 2: "O documento no mundo, ou a documentação como fenômeno: observações sobre o conceitual e o político em Paul Otlet" - Amanda Pacini de Moura (PPGCI-ECA-USP)

Palestra 3: "A Bibliografia Nacional brasileira: histórico, reflexões e inflexões" -
Carlos Henrique Juvêncio (FCI-UnB)

Palestra 4: “A construção do conceito de documento e as vertentes constituintes do campo” - Cristina Ortega (ECI-UFMG)

15h20 – DEBATE

15h40 – INTERVALO

16h - CONFERÊNCIA DE ENCERRAMENTO:
“Je suis Gesner! : la costituzione della disciplina bibliografica con Conrad Gesner: una lezione per la contemporaneità” - Fiammetta Sabba (Università di Bologna – Campus di Ravenna)
Mediação: Andre Vieira de Freitas Araujo (UFRJ/PPGCI-ECA-USP)
Tradução: Giulia Crippa (FFCLRP-USP)

16h50 – DEBATE

17h10 - MESA DE ENCERRAMENTO:
A Arte da Bibliografia II em perspectiva

Marilda Lopes Ginez de Lara (Presidente do Evento/PPGCI-ECA-USP)
Andre Vieira de Freitas Araujo (Coordenador Executivo do Evento/UFRJ/PPGCI-ECA-USP)
Giulia Crippa (FFCLRP-USP)
Gustavo Saldanha (IBICT/UNIRIO)

17h20 - ENCERRAMENTO DO EVENTO


LOCAL

Auditório Safra – Biblioteca da FEA-USPAv. Prof. Luciano Gualberto, 908, Prédio FEA-4, Butantã, São Paulo – SP


Inscrições e informações: http://www.artebiblio.tk


Redes sociais: 

Hashtag  a ser utilizada:  #aartedabibliografia

Comissão responsável - ENCONTROS A ARTE DA BIBLIOGRAFIA
Andre Vieira de Freitas Araujo (UFRJ/PPGCI-ECA-USP)
Giulia Crippa (FFCLRP-USP)
Gustavo Saldanha (IBICT/UNIRIO)


Comissão organizadora do II Seminário Internacional “A Arte da Bibliografia”
Andre Vieira de Freitas Araujo (Coordenador Executivo do Evento/UFRJ/PPGCI-ECA-USP)
Amanda Pacini de Moura (PPGCI-ECA-USP)
Giulia Crippa (FFCLRP-USP)
Gustavo Saldanha (IBICT/UNIRIO)
Marcelo dos Santos (PPGCI-ECA-USP)
Marilda Lopes Ginez de Lara (Presidente do Evento/PPGCI-ECA-USP)
Wesley Augusto Nogueira (PPGCI-ECA-USP)
Willian Eduardo Righini de Souza (PPGCI-ECA-USP)


Comissão de apoio do II Seminário Internacional “A Arte da Bibliografia”
Alunos do PPGCI-ECA-USP : Gabriela Previdello, Bruno Cesar Rodrigues, Mariany Toriyama Nakamura, Adaci Aparecida Oliveira Rosa da Silva
Alunos do CBD-ECA-USP: Artur Carvalho
Alunos do CBG-UFRJ: Jenifer Moraes, Rachel Dinelis, Thaís Lamas, Matheus Santos
Biblioteca da FEA: Giseli Adornato de Aguiar
Voluntários: João Carlos Vieira de Freitas Araujo



Realização
Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo (PPGCI-ECA-USP)

Apoio
Processo n. 2015/14779-5, Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP)
Processo  PAEP n. 4149/2015-21, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Tesouros da Biblioteca da Academia de Ciências da Hungria

Magyar Tudományos Akadémia

http://www.panadea.com/pages/magyar/utikonyv/g-003/europa/
magyarorszag/budapest-es-kornyeke/budapest/kepgaleria

A prestigiosa instituição foi fundada em 1825, pela ação de nobres interessados na construção de um centro de saber e de promoção da língua e da cultura húngara. Sem dúvida, um projeto de raízes ilustradas, que se consumou em um século de prosperidade econômica, modernização urbana e fortalecimento do reino.
Em 1831, foi redigido seu estatuto e definidas as seções de estudos: I. Linguística; II. Filosofia; III. Historiorafia; IV. Matemática; V. Jurisprudência; VI. Ciências Naturais. A presidência devia ser referendada pelo rei, sendo que o primeiro corpo diretor foi composto em 1835: conde József Teleki, presidente; conde István Széchenyi, vice-presidente.
O projeto do edifício-sede foi realizado pelo prestigioso arquiteto de origem prussiana, Friedrich August Stüler, entre 1862 e 1865. Sem dúvida, uma construção suntuosa, erguida à margem do Danúbio, que não demoraria a compor com o Parlamento (Országház, 1904) e a Ponte das Correntes (Széchenyi Lánchídum, 1849) belo conjunto na renovada Pest. Destarte, sob a divisa “Nação e Progresso”, a Academia consolidaria, a partir do Compromisso de 1867, o projeto de um centro nacional de produção e conservação do saber, ao mesmo tempo que a Magyar Tudományos Akadémia não demoraria a ser plenamente reconhecida por suas congêneres europeias.


A biblioteca: coleção Kaufmann

Dávid Kaufmann (1852-1899)
Dentre os vários atributos da Academia, a Biblioteca constitui um capítulo especial, merecedor de muitas visitas e apreciações.
Em meio aos tesouros guardados na Magyar Tudományos Akadémia, podemos citar a coleção de obras orientais. No campo dos estudos judaicos, a coleção Dávid Kaufmann (1852-1899) é notável pelo conjunto de manuscritos e impressos raríssimos que apresenta. Ela consiste em 594 manuscritos e 1.902 livros impressos. Situa-se entre as maiores coleções do mundo. Embora não possa ser comparada à magnificência das coleções de Oxford ou de São Petersburgo no campo dos estudos orientais, ela possui algumas peculiaridades e raridades, que vão desde a importância de seu criador, cuja produção bibliográfica sobrevive até nossos dias, até a presença de alguns livros notáveis.
Haggadah Kauffman se destaca do conjunto como um dos mais antigos exemplares remanescentes de manuscritos produzidos na Catalunha, no século XIV. O exemplar de Kauffman, embora não tão famoso quanto à Haggadah de Sarajevo, nos permite conhecer um pouco dos hábitos de leituras praticados pelas famílias Sefarditas. Pois se trata de um livro manuscrito, ricamente ilustrado, destinado à leitura familiar, sobretudo para uso das crianças durante a Páscoa e outras reuniões festivas de seu calendário. A temática central gira em torno do Êxodo, ou seja, as histórias têm na figura do Faraó e na de Moisés os personagens principais.
Haggadah Kaufmann, Êxodo, Ms A 422, Coleção Kaufmann,
Biblioteca da Academia de Ciências da Hungria
A Haggadah Kauffman apresenta páginas desgastadas, imagens apagadas, a encadernação já não mais existe. Algumas marcas de restauro denunciam o uso de tintas de má qualidade, de papeis que pereceram ao tempo e à má sorte dos livros. Todavia, sua descoberta, ou a simples possibilidade de folhear um livro que viajou no tempo e no espaço, e que certamente teve o mesmo destino conturbado daquele exemplar de Sarajevo, torna o historiador sensível quanto a importância desse objeto na vida cotidiana e na construção do imaginário das gentes. Não obstante, a certeza de que tantos outros exemplares como este pereceram às guerras, torna o historiador pequeno na escala devastadora do mundo. Na escala devastadora das civilizações. Foi com essa impressão que nos despedimos da Dra. Ágnes Kelecsényi, que tão gentilmente nos recebeu na sala de estudos da coleção oriental.

sábado, 21 de novembro de 2015

I Conferência sobre a Presença Húngara no Brasil

Local: Anfiteatro da Engenharia Elétrica Escola Politécnica da USP
Av. Prof. Luciano Gualberto, travessa 3, no 158 Cidade Universitária – São Paulo – SP 

Já é um truísmo dizer que São Paulo se construiu através da soma de muitos povos.
De fato, no que se toca à história das migrações internacionais - sobretudo da população europeia acometida pelas guerras que devastaram seus territórios e vitimaram suas gentes - o Brasil e a cidade de São Paulo se apresentaram e se apresentam ainda como uma via possível. É verdade que esse afluxo intenso de imigrantes para a capital e para a hinterland paulista remonta ao último quartel do século XIX. Antes, a comunidade planaltina era tão ensimesmada que a presença de forasteiros de outras províncias já era motivo de estranhamento.
Hoje nenhum paulista ousa estranhar a população e as diferentes línguas faladas pela cidade. E, em certo sentido, diferente de outras regiões, o sincretismo não se deu de forma radical. Dentro da ideia de paulistanidade cabem os acentos diferentes, os gostos, os guetos e, claro, um toque de excentricidade. No outro extremo ocidental do Atlantico e ao sul do Equador, tornamo-nos todos excêntricos! Tudo depende do referencial.
O encontro promovido pela comunidade húngara no Brasil, voltado para a difusão de sua cultural e, especialmente, de sua literatura, constitui uma boa oportunidade para se refletir sobre as transferências culturais vivenciadas entre húngaros e brasileiros na época contemporânea. Não se trata, obviamente, de exaltar as excentricidades de duas nações que se situam nas porções extremas de dois continentes, mas de conhecer a riqueza e a diversidade cultural provocada por esses encontros. Trata-se, sobretudo, de conhecer literatura húngara, segundo a proposta de seus organizadores. É preciso, aliás, atentar para a inacessibilidade do idioma, no sentido de promover traduções de sua escrita, a exemplo do que se faz, a passos lentos, é verdade, com a produção japonesa. E do que se fez, a passos mais rápidos, por uma série de fatores de natureza histórica, com a literatura russa. Um país deve cuidar para a difusão da literatura universal, na mesma medida em que deve atuar para a promoção de sua literatura, localmente e internacionalmente. Um trabalho intensivo e, ao mesmo tempo, de longo prazo, sem dúvida nos tornaria menos excêntricos. Afinal, as centralidades consistem, além do benefício da alteridade, na valorização do outro. No movimento de cosmopolitização que pessupõe um jogo dialético de preservação do nacional e ampliação dos horizontes culturais.
Em tempos de conflitos, de migrações compulsórias que fazem da Hungria, uma vez mais, uma rota estratégica de ligação entre o nascente e o poente, nossas felicitações e votos de sucesso aos organizadores desse encontro.

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Homenagem à Paris Sitiada

La liberté guidant le peuple, Delacroix, 1830
"J´aimerai toujours le temps des cerises
C´est de ce temps-là que je garde au cœur
Une plaie ouverte
Et Dame Fortune, en m´étant offerte
Ne saura jamais calmer ma douleur
J´aimerai toujours le temps des cerises
Et le souvenir que je garde au cœur."


Uma homenagem aos franceses, aos povos que a França um dia acolheu, aos povos que hoje vivem expatriados, sem suas terras, seus filhos e sua cidadania.
Que a loucura da guerra logo seja superada pelos belos tempos de colheita.

domingo, 8 de novembro de 2015

Leitura e Reforma na Grande Planície Húngara

"Orando et Laborando" em Debrecen

Fachada do colégio calvinista de Debrecen, por Marisa Midori Deaecto
A expansão da Reforma em direção ao leste europeu levou consigo a fé, a palavra e a imprensa. "Ora et Labora" conformou-se como preceito da vida monástica fundada por S. Bento da Núrsia, no século VI. Para além do seu significado profundo no interior dos mosteiros que se espalharam por todo o velho continente, atingindo áreas longíquas, no novo milênio, por obra dos cistercienses que lograram fundar suas ordens na Europa oriental, a parte dedicada à leitura e à cópia de textos sagrados na vida monástica contribuiu para a preservação e manutenção de textos antigos, além de conformar bibliotecas que constituem até os dias atuais verdadeiros tesouros da cristandade. 
"Orando e laborando" se apresenta, curiosamente, como um guia de conduta do colégio reformado de Debrecen, uma bela cidade intelectual situada na grande planície húngara, já nos limites da Transilvânia. A divisa diz muito do que se vê no interior do belo edifício que até os dias atuais se mantém como um importante centro de formação teológica.
Museu do Colégio: Sala de aula,
Fotografia de Marisa Midori Deaecto
Na sala de exposições do colégio, objetos de ensino das ciências, cartilhas e um reprodução da sala de aula destinada às crianças retrata em imagens e objetivos o sentido da "educação pela palavra", tal como fora defendida por Lutero (1483-1546) e difundada por seu braço direito, o erudito helenista Melanchton (1497-1560), cuja presença nos novos colégios e seminários cultivados na bacia dos cárpatos já foi discutida em muitos estudos. 
A "educação pela palavra", como bem observa Frédéric Barbier valorizava a leitura da Bíblia para a proteção dos pequenos contra todos os males, mas também buscava integrar os indivíduos em uma sociedade que se tornava cada vez mais letrada. Ou, pelo menos, alfabetizada. Donde a tradução da Bíblia de Lutero nas línguas faladas (e lidas) nessa intricada geografia que se estende para além do Danúbio (vale sublinhar, o limes recto) e a edição de materiais pedagógicos, dentre outros textos eruditos reputados importantes para a formação das gentes. 
Interior da bela biblioteca, Fotografia de Frédéric Barbier
Em Debrecen, todavia, domina a palavra de Calvino (1509-1564). Em sua coleção os textos dos teólogos suíços superam de longe os dos teólogos de Heidelberg, visitados nos colégios luteranos, da mesma maneira que aos escritos de Melanchton é dedicado um espaço bem pequeno. Como observa István Monok, sem dúvida o maior especialista no assunto, "a vida dos estudantes de Debrecen se desenvolve em conformidade com o espírito do calvinismo de Genebra e este estabelecimento de ensino superior de alta qualidade pode se vangloriar dos bons resultados obtidos por seus alunos, pelo menos no que toca suas inserções nas universidades europeias". Essas viagens, conta o autor, serão, além de fermento para a formação individual, um caminho certo para o abastecimento da sua rica biblioteca, como pudemos observar durante nossa visita. 
Para saber mais: István Monok, Les Bibliothèques et la Lecture dans le Bassin des Carpates. Paris: Honoré Champion, 2011; Frédéric Barbier, Histoire des Bibliothèques. D'Alexandrie aux Bibliothèques Virtuelles. Paris: Armand Colin, 2013.

domingo, 1 de novembro de 2015

Pensar as Bibliotecas do Passado Olhando Para o Futuro

Seminário Internacional 

"Listas, Catálogos e Inventários de Bibliotecas (XIV-XXI)"

Conferencistas reunidas em uma das seções de trabalho. Alba Iulia, Universidade 1 de Dezembro, em 31 de outubro de 2015
"În perioada 30-31 octombrie 2015, Facultatea de Istorie şi Filologie vă invită la Conferinţa naţională “Bibliologie şi patrimoniu cultural naţional. Cartea românească veche în Imperiul Habsburgic (1691-1830)”, Ediţia a IX-a, Alba Iulia, 30-31 Octombrie 2015. Conferinţa este organizată în cadrul Proiectului "Cartea românească veche în Imperiul Habsburgic (1691-1830). Recuperarea unei identităţi culturale”. Deschiderea oficială a lucrărilor conferinţei va avea loc vineri, 30 octombrie 2015, ora 10.00, în Aula mică (Corp C, etajul 1). Conferinţa se va bucura și de participarea unor invitaţi speciali, istorici ai cărţii şi tiparului, reprezentând instituţii cu tradiţie în domeniu din străinătate: École des Hautes Etudes Pratiques (Franţa), Biblioteca Naţională Universitară din Strasbourg (Franţa), Biblioteca Academiei din Budapesta (Ungaria), Universitatea din Eger (Ungaria), Biblioteca Naţională Centrală din Roma (Italia), Universitatea din Sao Paolo (Brazilia)".

Há pouco menos de um ano o Núcleo de Estudos do Livro e da Edição (NELE-USP) organizou um encontro memorável, destinado a recuperar, aproximar e refletir sobre as coleções brasilianas. Ao aproximar conservadores de bibliotecas do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Brasília, Bahia e Estados Unidos, o simpósio internacional "Brasiliana, Brasilianas" rendia homenagem ao nosso maior bibliográfico, Rubens Borba de Moraes (http://bibliomania-divercidades.blogspot.hu/2014/11/i-jornada-rubens-borba-de-moraes.html ).
Não se tratava apenas de um encontro festivo. Era preciso refletir sobre os avanços realizados no campo da catalogação e da bibliografia e pensar além. Olhar o futuro tirando do presente as ferramentas disponíveis para a multiplicação de brasilianas. As tecnologias atuais no campo da digitalização e o potencial das redes de difusão e acesso aos materiais bibliográficos têm se aprimorado de forma rápida. É preciso perguntar em que medida historiadores e conservadores de bibliotecas têm se articulado para aprimorar, de forma interdisciplinar, ou seja, combinando os recursos da bibliografias material com aqueles da história do livro e da sociologia da leitura, com vistas a multiplicar as brasilianas existentes. Nossos catálogos conformam bases suficientemente completas e exautivas que nos permita somar, comparar e trocar informações e conteúdos sobre títulos, edições, editores, tipógrafos, autores, temáticas, enfim, todos os elementos que nos permitem conhecer o processo de conservação, mas também de apropriação de grandes coleções internacionais, notadamente as brasilianas? 
Escusado dizer que bibliotecas se tornaram algo mais do que depósitos de livros. Na verdade, seu caráter multifuncional sempre existiu. O primeiro grande modelo de biblioteca, o de Alexandria, vale lembrar, confundia-se com o modelo de colégios e seminários, ou república de sábios, tal como estas instituições vêm se desenvolvendo desde a antiguidade. Quando os livros podem ser alcançados pela internet, o que podemos esperar das bibliotecas? Acolhimento, conhecimento, contato real com edições que nos permitam preservar e valorizar nosso patrimônio. Repúblicas de sábios, talvez. Mas, certamente, repositório da memória cultural e patrimônio material. E, nesse ponto, os encontros entre os vários saberes, num só termo, a interdisciplinaridade, torna-se um ponto crucial. Da mesma forma que as redes de contatos, as trocas de dados, de arquivos de edições digitalizadas e de saberes têm se tornado cada vez mais imprescindíveis. As "Brasilianas" estão dispersas no mundo, é preciso manter o trabalho de Rubens Borba de Moraes e aprimorá-lo. Diria, potencializá-lo.
Nesse ponto, a jornada de trabalho que acaba de reunir especialistas europeus (do leste e do oeste) e de outras partes do mundo, apresentou-se como modelo de diálogo interdisciplinar e internacional. Edições espanholas e potuguesas puderam ser descobertas em bibliotecas da Transilvânia, com atenção particular para as edições hispânicas conservadas pela Biblioteca Telekiana, em Tirgu Mûres. A coleção da prestigiosa Biblioteca Nacional e Universitária de Strasburgo não guarda apenas livros preciosos, mas tem arquivos representativos dos diálogos entre aquela porção oriental da França, às margens do Reno e o Brasil (ver programa http://www.uab.ro)
Difícil detalhar todas as contribuições nos limites dessa notícia.
Talvez a melhor imagem tenha vindo de um ilustre conferencista húngaro: um viajante turco se instala em Budapeste no século XIX, corre o mundo e traz gratas lembranças de sua passagem pelo Rio de Janeiro. Tudo isso foi narrado em húngaro. Como conhecer a prestigiosa aventura? Os diálogos dos livros foram, antes de tudo, diálogos entre os homens.
À Dra. Eva Mãrza, diretora do instituto de História e Filologia da Universiade 1 de Dezembro, à Dra. Doina Biro, diretora da Biblioteca Bathyaneum e às autoridades de Alba Iulia (Transilvânia-Romênia) que nos acolheram nesses útimos dias, nossas felicitações e profundo agradecimento por esta inesquecível viagem. Aos professores Frédéric Barbier e István Monok, que pensaram em tudo e aos meus compagnons de route, aquele abraço!

domingo, 25 de outubro de 2015

Listar, Classificar, Organizar, Sistematizar... Eis algumas questões que não podem escapar ao historiador

Seminário "Listas, Inventários e Catálogos" abre novas perspectivas para a pesquisa histórica...


A biblioteca Batthyaneum apresenta uma fachada austera, que em nada revela a monumentalidade de seu interior. Antiga igreja católica de arquitetura sóbria e dimensões imodestas, adaptada para comportar um observatório astronômico, uma singular coleção de objetos (mapas, moedas, tábuas escritas, peças de cavalaria etc.) e uma notável biblioteca. A instituição foi instalada no final do século XVIII, no coração de Alba-Iulia/Karlsburg/Gyulafehérvár, esta cidade antiga, capital da Dácia Romana (Apulensis), que remonta ao segundo século de nossa era.

* * *

Ignatius Sallestius de Batthyan (1741-1798) fundou aquele que seria o bastião da cultura ilustrada de Alba Iulia, senão, de toda a Transilvânia. É bem verdade que a região parece bem provida de templos e livros que nos convidam a adentrar em tempos diversos de sua conturbada história. Em todo caso, a Batthyaneum, fundada em 1792, ostenta uma realidade bibliográfica e documental digna de nota: mais de 71.500 livros (entre manuscritos, mais de 600 incunábulos, além de raridades impressas após 1500). Desde 1961 ela é filiada à Biblioteca Nacional da Romênia.
Sobre seu patrono, Ignatius Saletius, conde de Batthyàn, algumas palavras:
Iniciou os estudos no Colégio Piarista de Pest para logo em seguida frequentar diversos outros centros europeus: Universidade dos Jesuítas Trnovo/Nagyszombat, no Seminário de Esztergom e na Universidade dos Jesuítas de Graz.
Ordenou-se em Roma, onde cumpriu os estudos no Collegium Germanicum et Hungaricum, em 1763. Daí em diante, seguiu uma carreira político-religiosa meteórica nos tempos do Imperador José II (1765-1790). Vivendo sob os ventos revolucionários que abalaram o Velho Mundo e as casas reais de oeste a leste, o então bispo da Transilvânia se envolveu em pelo menos três questões espinhosas que tocavam os interesses da Áustria, da Hungria: defendeu, em 1781, o polêmico Edito de Tolerância, que observava o exercício da fé de religiões não católicas; desempenhou participação importante na defesa dos padres católicos durante as revoltas camponesas de 1785-1785 na Transilvânia; foi protagonista do movimento de reforma do ensino, imposta pelo Estado, em 1776, após a expulsão dos jesuítas, por meio da Ratio Educationis.
Por esse breve resumo não é difícil imaginar a Batthyaneum como fruto dos anseios e contradições de um nobre religioso, partidário da Aufklärung. A própria biblioteca se instalara no contexto de dissolução das ordens religiosas, vindo a ocupar a igreja do convento dos Trinitários, com a finalidade de ali se instalar uma biblioteca pública e uma academia nos moldes clássicos, tão em voga naqueles tempos. O resultado não poderia ser mais eloquente. A fachada discreta da igreja, em contraste com uma Praça Forte de dimensões colossais, dissimula um projeto sofisticado que ocupa toda a porção superior da nave do edifício, donde observamos, estupefatos, dois andares repletos de livros, que preenchem belas estantes decoradas com alegorias greco-latinas.
Vale notar que a biblioteca, ela mesma, do ponto de vista espacial, conservou-se praticamente sem modificações, desde o início do século XIX. O quadro sistemático de classificação e os livros não se moveram, as prateleiras pintadas de cinza se alinham desde sempre ao longo da sala, da mesma forma que se tem acesso a um segundo nível sob a forma de um mezanino.
Difícil descrever o acervo bibliográfico desse templo impetuoso. Uma tarde foi muito pouco para observar em detalhe os livros selecionados pela bibliotecária diligente que nos acolheu. Ao todo oito manuscritos sobre pergaminho, três raridades impressas na era pós-Gutenberg, ex-libris de notáveis e outros objetos não menos impressionantes, dentre eles, tabuletas com escritura cuneiforme gravadas em terracota, placas impressas sobre vidro do célebre Códex Aureus e algumas peças de cavalaria datadas dos séculos XVI e XVII. Não houve oportunidade para se conhecer os documentos conservados neste acervo, na maior parte reveladores da vida e obra de seu patrono.

Para saber mais: http://www.bibnat.ro/Codex-Aureus-s109-expo1-ro.htm


quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Por um Dicionário dos Agentes do Livro

Dictionnaires et répertoires des gens du livre,
en Europe et dans le monde.
Expériences et perspectives

Journée d’études internationale
23 octobre 2015
Bibliothèque de l’Arsenal (1 rue de Sully, Paris 4e)

Programme

Matin (9h-12h30)
Regards croisés sur quelques entreprises éditoriales. Bilans et expériences

Présidence : Patricia Sorel
-        9h15 Pascal Fouché : le Dictionnaire encyclopédique du livre (2002-2011)
-        9h35 Mario Infelise (Université de Venise) : Editori Italiani dell’Ottocento. Repertorio (2004)
-        9h55 Sabine Juratic : le Dictionnaire des imprimeurs, libraires et gens du livre à Paris, 1701-1789

Pause

Présidence : Jean-Yves Mollier
-        10h55 Ian Maxted : le Dictionnaire des imprimeurs, libraires et gens du livre en Basse-Normandie, 1701-1789 (en cours d’achèvement) ; le répertoire des métiers du livre du comté de Devon ; le London Book Trade 1775-1800
-        11h15 Jean-Dominique Mellot et Nathalie Aguirre : l’entreprise du Répertoire d’imprimeurs/libraires (vers 1470-vers 1830) de la BnF : étapes et connexions
-        11h35 Josée Vincent (Université de Sherbrooke) : le « Dictionnaire historique des métiers du livre au Québec et au Canada français »

Discussion

Après-midi (14h-18h)
Recenser les gens du livre. Outils, projets, besoins (tables rondes)

Table ronde 1. Espaces francophones (14h-15h30)
Animation : JC Geslot
-        Jean-Charles Geslot, Viera Rebolledo-Dhuin (UVSQ) : le projet DEF19
-        Kmar Bendana (Institut Supérieur du Mouvement National, Université de La Manouba) : la Tunisie
-        François Vallotton (Faculté des Lettres de l’Université de Lausanne) : la Suisse
Pause
Table ronde 2. Espaces non-francophones (16h)
Animation : Jean-Dominique Mellot
-        Jean-François Botrel : l’Espagne
-        Frédéric Barbier : l’aire germanique
-        Wallace Kirsop (Monash University, Melbourne) : l’Australie et l’Océanie

-       Marisa Midori (Université de Saõ Paulo) : Les gens du livre au Brésil : outils, approches et perspectives de recherche